Uma rainha de bateria quase toda vestida e sem sambar. A inovação foi colocada em prática por Evelyn Bastos e pela Mangueira na noite deste domingo (23). Ela trocou o samba no pé pela interpretação, e deu vida a um Jesus Cristo mulher na Marquês de Sapucaí.
Leandro Vieira, carnavalesco da escola, explica que eles quiseram dar uma nova cara para um dos postos mais tradicionais do samba – com um quê dramatúrgico.
“Uma rainha de bateria pode mais. Pode mais do que só sambar. É um personagem importante e muitas vezes desmerecido. A ideia de que a rainha de bateria é uma gostosa que tem que vir seminua à frente é uma coisa já ultrapassada”, diz Leandro.
Evelyn Bastos aposta em interpretação dramática para desfilar como ‘Jesus Mulher’
Como Jesus mulher, Rainha da bateria da Mangueira desfilou sem sambar
Evelyn revela ter vivido o maior desafio de sua vida e explica e que abdicou do samba, seu amor, para “pregar o amor” de outra forma.
“Um Jesus sem a necessidade de sexualizar. Vai ser ser um Jesus que não samba, porque a gente quer que as pessoas enxerguem Jesus primeiro, independente de gênero”, afirma ela.
O vídeo abaixo mostra a interpretação de Evelyn durante a passagem pela Sapucaí.
Evelyn Bastos comenta fantasia de ‘Jesus Mulher’ para rainha de bateria
Com o enredo “A verdade vos fará livre”, a Mangueira trouxe a política à avenida. A narrativa mostra Jesus em diferentes faces, de presos a negros e mulheres.
A bateria usou fantasias com balaclavas negras e, na comissão de frente, também expressou a violência policial.
Nas baianas, seguindo a narrativa de misturar o clássico com o moderno, a escola retratou a perseguição à religiões de origens africanas, com as integrantes carregando duas cruzes nas costas.
Evelyn Bastos, rainha da Mangueira, vestida de Jesus Cristo — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, no setor 1 — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Maquiagem de Evelyn Bastos conta com cicatrizes realistas nas costas — Foto: Eliane Santos / G1