Grupos de autocuidado, coordenados pela Agevisa, ajudam pacientes em tratamento contra hanseníase a superar doença

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Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) em parceria com a Organização Não Governamental (ONG) de origem holandesa, a NHR Brasil, reforça a importância dos grupos de autocuidado na melhoria da qualidade de vida das pessoas em tratamento contra a hanseníase no Estado. Desses grupos surgem histórias de superação.

A aposentada, amazonense de Lábrea e moradora no bairro Cohab Floresta em Porto Velho, Maria Silva de 69 anos, foi diagnosticada com hanseníase há mais de 50 anos. “Para quem enfrenta essa doença, vencer a hanseníase não é só encarar o tratamento e as possíveis sequelas que podem gerar. Essa doença mexe com a estrutura social e a autoestima. Eu fui excluída por muitos, as pessoas me olhavam diferente. Naquela época era mais difícil. O preconceito e o processo era mais doloroso ainda”, revela.

“O grupo de autocuidado me ajudou bastante, comecei a retomar minha vida social, a conversar com as pessoas, e me relacionar melhor com todos”.

Quando se mudou para Rondônia, há sete anos os tempos já eram outros e agora a aposentada recebe todo o atendimento na Policlínica Osvaldo Cruz, referência no tratamento da hanseníase onde todo o processo de descoberta e tratamento mudou suas perspectivas. Lá a artesã teve contato, por meio da Agevisa com o projeto Art’s BioHans, desenvolvido em parceria com a NHR Brasil.

ART’S BIOHANS

Para entender a vida de pacientes brasileiros, como Maria Silva mudou, é preciso conhecer a origem. A história da NHR Brasil começou na Holanda, há mais de 50 anos. A partir de uma visita a pacientes com hanseníase em um hospital na Tanzânia na década de 1960, Francisca Anten e o professor Dick Leiker idealizaram a NLR, organização não-governamental que luta por um mundo livre da hanseníase.

Atuando em diversos países, a NLR começou a apoiar projetos de combate à hanseníase no Brasil em 1994. O trabalho foi desenvolvido em parceria próxima com o setor público, com presença na rotina dos programas de controle da hanseníase, capacitação de profissionais de saúde e produção de materiais educativos em até 13 estados brasileiros.

Em 2011, surgiu a NHR Brasil que atua com apoio aos projetos em áreas de alta endemicidade para a hanseníase. Atualmente, os projetos em execução e em fase de desenvolvimento estão nos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Rondônia. O principal objetivo é promover e apoiar o diagnóstico precoce, a prevenção de sequelas e incapacidades, a redução do estigma vivenciado por pessoas acometidas pela hanseníase e o desenvolvimento inclusivo para pessoas com deficiência. A Ong integra a Federação Internacional de Associações de Combate à Hanseníase (Ilep) e coordena três programas estratégicos de atuação: Zero Transmissão, Zero Deficiências e Zero Exclusão.

GRUPOS DE AUTOCUIDADO

Em parceria com a NHR Brasil foram criados pela Agevisa vários grupos de autocuidado em diversos municípios de Rondônia e entre os projetos realizados está o programa de perspectiva de geração de renda para as pessoas que já tiveram ou estão acometidas pela doença.

Os cursos de capacitação ajudam a complementar a renda familiar de Maria Silva, que já participou das oficinas de biojoias e gastronomia e mostra animada, com um sorriso largo e contagiante, o que produziu e para todo lado que anda carrega a pequena caixa térmica recheada de gostosuras.

“Em 2017 eu fiz o curso de gastronomia oferecido pelo projeto da Agevisa com a Art’s BioHans e isso fez toda a diferença na minha vida”.

A aposentada conta ainda que recebe a aposentadoria de um salário mínimo “É pouco para viver. Depois do curso eu vi que podia ter as minhas coisas, que tinha condições de trabalhar, e comecei a fazer sanduíches naturais, suco verde, bolo, bombons regionais de castanha, cupuaçu, coco e maracujá, e isso me faz muito bem”.

Com a ajuda da experiente artesã Cristiane Oliveira, a aposentada também fez a oficina de artesanato bio sustentável e hoje modela belíssimas peças a partir de produtos da floresta como cocos babaçu, fibras de bananeira, buriti, tucumã e sisal, ouriço de castanha e tucumã para a confecção de brincos, colares e pulseiras a partir de sementes, garrafas com adornos de palha e outros objetos vendidos pelas redes sociais do projeto.

“É uma terapia para mim. Agora me sinto mais segura”.

Palavras de quem nem gostava de sair de casa antes da pandemia, ela andava a cidade toda de ônibus vendendo os produtos em feiras e espaços públicos. “Já cheguei a ter uma renda extra de quase R$ 600 por mês e conseguia ajudar meu irmão, que é doente e que mora em Manaus. Envio mantimentos por barco frequentemente. Agradeço muito a Deus por isso e tenho fé que essa pandemia vai passar e eu vou voltar a vender bem”, comenta a aposentada.

“É nesse aspecto que elas podem realizar seus sonhos,  uma vez que os seus produtos contém a narrativa de resgate, de recuperação de doença estigmatizada, sobretudo de comunidade. Tudo aqui é 100% natural, com design, corte, lapidação e marchetaria produzidos pelas mãos delas”, explica a artesã Cristiane Oliveira.

Os interessados em adquirir os produtos ou divulgar os trabalhos das artesãs podem entrar em contato pelo telefone (69) 3216 5285 ou diretamente pelas redes sociais do projeto.

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