Reforço estrutural para projetos fotovoltaicos: principais preocupações

É preciso avaliar as estruturas em todos os casos. “Não dá para fazer no olhômetro e dizer: a estrutura é boa, aguenta”

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De acordo com dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Brasil tem atualmente cerca de 570 mil sistemas fotovoltaicos. Ao todo, aproximadamente 5,5 mil municípios no país já possuem sistemas de GD (geração distribuída).

Inclusive, o país ultrapassou neste mês a marca histórica de 10 GW de potência operacional da fonte solar, incluindo usinas de grande porte e sistemas de GD instalados em telhados e terrenos.

Não há dúvidas de que esta fonte limpa e renovável está crescendo e trazendo cada vez mais benefícios econômicos e ambientais. Porém, um ponto a se destacar é quando agregamos painéis solares e suas estruturas de fixação a telhados. Neste caso, podemos estar adicionando sobrecarga e esforços para os quais eles não estão preparados. 

Em meio a este cenário, quais devem ser os maiores pontos de preocupação dos instaladores e integradores de sistemas fotovoltaicos? 

Reinaldo Burcon, engenheiro de desenvolvimento industrial na Romagnole, comentou que para estruturas paralelas ao telhado, com pequeno distanciamento das telhas, na maior parte das vezes não há esforços aerodinâmicos adicionais, somente o peso da própria estrutura. 

“Para projetos residenciais, admitindo-se esta primeira hipótese, dificilmente precisaremos de reforços adicionais, pois os coeficientes de majoração aplicados pelo engenheiro [que projetou o telhado] já o contemplarão. Caso sejam feitas instalações não paralelas ao telhado (compensação de ângulo), teremos esforços aerodinâmicos adicionais”, apontou. 

“Nesta situação, quase que certamente será necessário o adicionamento de mais rigidez à estrutura de caibros e vigas”, ressaltou o especialista.  Ainda segundo Burcon, com relação aos sistemas fotovoltaicos que serão instalados em barracões industriais, principalmente os de baixa ocupação humana (que demandam coeficientes de majoração menores), é quase certo que, independentemente do tipo de estrutura, o reforço estrutural será necessário.

“Para todos os casos, faz-se necessária a avaliação de um engenheiro estrutural, cabendo-lhe a palavra final da necessidade ou não de reforços adicionais”, disse. 

Mais análises

De acordo com Rafael Santos, desenvolvedor de negócios no departamento comercial da Asellus, a análise estrutural prévia de telhados metálicos se faz necessária em todos os projetos nos quais o cliente não possui o memorial de cálculo da cobertura ou do galpão. 

“São comuns galpões comerciais de médio e pequeno portes onde o cliente não possui projetos estruturais, sendo na maioria das vezes construídos e ampliados com base em experiências de serralherias – e isso aumenta muito o risco de acidentes com sobrecarga. Às vezes ocorrem acidentes sem mesmo a carga de painéis, ou seja, somente com sobrecarga de vento”, explicou. 

Na visão de Santos, é crucial a análise prévia de um engenheiro estrutural com base nas normas ABNT antes da instalação dos sistemas fotovoltaicos. “Essa análise deve conter cálculos de sobrecarga para saber se as tesouras, colunas e terças suportam o peso extra. Se não suportarem, o cálculo vai indicar quais melhorias deverão ser feitas antes da instalação do sistema fotovoltaico”.

“Quando há objeção do cliente em realizar as melhorias, o mais prudente é declinar o fornecimento ou buscar outro local alternativo. É melhor vermelhar antes, do que amarelar depois, porque quando o sinistro acontece, ninguém encontra o ‘pai da criança’”, finalizou. 

Custo do reforço estrutural

Para ajudar a exemplificar quanto seria o valor do reforço estrutural, Geovani Magalhães, CEO da Mega Solar, conferiu três projetos da empresa. “O preço da estrutura para o reforço do telhado ficou em até 5% do valor do contrato. Por exemplo, uma obra de R$ 500 mil em telhado, a pessoa gastou no máximo até R$ 25 mil”. 

O executivo da Asselus também discorreu sobre os custos e disse ser difícil prever, porque cada caso difere do outro. “Porém, é mais viável ajustar o que é necessário que pagar para ver. O prejuízo é dobrado”.

Magalhães compartilha da ideia e enfatizou ser preciso realizar a análise da estrutura em todos os casos. “Não dá para fazer no olhômetro e dizer: a estrutura é boa, aguenta. Tem que ter laudo. Hoje não trabalhamos sem o mesmo. É muito perigoso, sabemos que tem muito cálculo estrutural mal feito”.

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