O grupo de parlamentares do Partido Democrata que atuam como promotores de acusação no julgamento de impeachment contra Donald Trump iniciaram nesta quarta-feira (10), segundo dia de sessão, as argumentações pela condenação do ex-presidente dos Estados Unidos. Segundo os deputados, o republicano começou a incentivar a violência meses antes da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro.
Trump é processado por ter incitado a insurreição em 6 de janeiro, data em que um grupo de apoiadores extremistas invadiu a sede do Congresso no momento em que os parlamentares oficializavam a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais — uma etapa apenas formal antes da posse. No tumulto, cinco pessoas morreram (leia mais sobre a acusação no fim da reportagem).
Nesta primeira etapa do julgamento, são os democratas que apresentam a acusação. Os parlamentares contra Trump devem mostrar novas imagens de dentro do Capitólio no dia da invasão.
Julgamento de impeachment
O processo de impeachment passou na Câmara antes mesmo de Trump deixar o cargo. Porém, o Senado só teve tempo para iniciar o julgamento após a posse de Biden. A constitucionalidade do julgamento de um ex-presidente chegou a entrar em questão, mas por duas vezes os senadores aprovaram que o processo seguisse em frente.
No primeiro dia de sessão, os senadores aprovaram por 56 votos a favor e 44 contra a constitucionalidade do julgamento de um presidente que já deixou o mandato. Com o Senado dividido igualmente entre governistas e republicanos na oposição, o resultado significa que seis senadores do partido de Trump pretendem seguir em frente com o processo.
Entretanto, esse número ainda é insuficiente para condenar Trump. Seriam precisos 17 senadores republicanos dispostos a condenar o ex-presidente, e, por enquanto, não houve nenhuma movimentação que apontasse que esse total seria atingido. É esperado, ao mesmo tempo, que todos os 50 senadores democratas e os independentes que votam com o partido de Biden aprovem condenar Trump.
Crime ao incentivar invasão
O julgamento está transcorrendo dentro do mesmo prédio onde senadores foram obrigados a fugir um mês atrás quando uma multidão invadiu o edifício.
Nove deputados democratas que atuam como procuradores contra Trump iniciaram os procedimentos na terça-feira exibindo um vídeo contundente que alternou trechos do discurso de Trump e cenas do ataque, incluindo alguns que mostraram policiais sendo agredidos e um agitador baleado fatalmente pelas autoridades.
Os democratas acusaram Trump de cometer um crime imperdoável ao incentivar seus apoiadores a impedirem uma transferência de poder pacífica, um bastião da democracia norte-americana.
“Se isto não é um crime digno de impeachment, então tal coisa não existe”, disse o deputado Jamie Raskin, que fez um discurso emotivo contando como foi separado de sua filha e seu genro durante a violência.
Os advogados de Trump argumentaram que a retórica de seu cliente, incluindo as alegações falsas de que a eleição foi roubada, está protegida pela garantia da Primeira Emenda da Constituição à liberdade de expressão e que os indivíduos que invadiram o Capitólio são responsáveis por seu próprio comportamento criminoso, e não Trump.