Um mês após explosão de barco no Acre, Polícia Civil vai pedir mais prazo para concluir inquérito

Mais de 20 pessoas foram ouvidas até este domingo (7), segundo o delegado que investiga o caso, Lindomar Ventura. Feridos que seguem internados ainda devem prestar depoimento.

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Um mês após a explosão em uma embarcação que deixou 18 pessoas feridas no Rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, a Polícia Civil vai pedir mais prazo para concluir o inquérito. A informação foi confirmada, neste domingo (7), pelo delegado responsável pelo caso, Lindomar Ventura.

Conforme o delegado, mais de 20 testemunhas já foram ouvidas, entre elas algumas das vítimas. Ventura aguarda os feridos que permanecem internados em hospitais fora do estado terem alta médica para também prestarem depoimento.

O prazo inicial para a conclusão do inquérito é de 30 dias e, segundo o delegado, pode ser prorrogado por mais 30 ou 60 dias.

“Tem muita coisa já no inquérito, mas vou pedir mais prazo para gente concluir. Na verdade, tem várias responsabilidades que a gente quer apontar no inquérito, então, tem mais pessoas para serem ouvidas, inclusive os próprios sobreviventes. É importante concluir com todas as variantes bem definidas”, disse o delgado.

Sobre o que já foi apurado, o Ventura afirma que prefere não divulgar nenhuma conclusão antecipada. Segundo ele, o objetivo é que o inquérito, além de responsabilizar os autores, sirva de base para que sejam tomadas providências por parte das autoridades.

“Prefiro não atribuir agora nenhuma conclusão antecipada. Mas, a gente já vê algumas situações que poderiam ter sido evitadas e que, certamente, teriam evitado essa tragédia. Mas, acredito que esse inquérito também tem que servir para que, além da apontar as responsabilidades, aponte onde deve ser melhorado e onde deve ser o foco de mais atenção para que isso não volte a acontecer”, concluiu Ventura.

Vítimas fatais

Cinco pessoas não resistiram e morreram após o acidente. São elas:

  • Valdir Torquato da Silva, de 51 anos, morreu na madrugada do dia 27 de junho no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
  • Antônio José de Oliveira da Silva, de 33 anos, morreu no dia 15 de junho, no hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG).
  • Antes dele, já tinha ido a óbito Simone Souza Rocha, de 24 anos, que morreu no dia 9 de junho, ainda em Cruzeiro do Sul.
  • Marluce Silva dos Santos, 38 anos, também seria encaminhada para Minas Gerais, mas também não resistiu e morreu no dia 11 de junho, no Hospital do Juruá.
  • Um bebê que estava em tratamento em Rio Branco, filha de Marluce, também não resistiu e morreu no dia 15 de junho.

Tragédia

O acidente ocorreu no início da noite do dia 7 de junho. O barco explodiu quando era abastecido por um caminhão-pipa com 5 mil litros de gasolina que seriam levados em vasilhas para o município acreano de Marechal Thaumaturgo. Além do combustível, a embarcação também levaria os passageiros e outras cargas.

A explosão resultou na morte de cinco pessoas e deixou mais 13 feridos. A Marinha do Brasil e a Polícia Civil do Acre investigam as causas da explosão.

Este foi o segundo acidente com embarcações que transportam combustíveis para cidades mais isoladas do Acre, no Vale do Juruá. Em setembro de 2016, uma balsa de pequeno porte também explodiu com 8 mil litros de combustível e 40 botijas de gás, no porto de Rodrigues Alves. A embarcação levaria o combustível para abastecer a cidade de Porto Walter.

A embarcação também explodiu no momento em que era abastecida por um caminhão-pipa. A Marinha ainda não divulgou os resultados do processo de investigação que apura as causas e todas as circunstâncias do acidente.

Decreto e aulas suspensas

Depois da explosão da embarcação, o transporte de combustível em pequenas embarcações foi suspenso e duas cidades do Acre decretaram estado de emergência e estão com algumas ações paralisadas.

Marechal Thaumaturgo é uma das cidades que decretou estado de emergência. As aulas na região ribeirinha e na área rural do município já foram interrompidas por falta de combustível para manter o transporte dos alunos. Na zona urbana, os estudantes agora estão tendo que caminhar para chegar nas unidades de ensino, pois os ônibus escolares já estão parados.

Em Porto Walter, a prefeitura também decretou situação de emergência por conta da falta de combustíveis. Na cidade, alguns os serviços essenciais estão comprometidos.

Para retomar as operações, as distribuidoras de combustível, a Agência de Transportes Aquaviários (Antaq) e a Marinha exigem regras de segurança e, principalmente, a construção de um porto específico para o transbordo de combustível dos caminhões para as embarcações.

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