Tratamento especializado contra ansiedade está disponível no CAPS Infantojuvenil

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O desenvolvimento infantil é marcado por uma série de descobertas que contribuem para o crescimento e aprendizado das crianças, período em que os pequenos têm contato com diversos sentimentos e mudanças que transformam significativamente seus comportamentos. Quando mal compreendidas e gerenciadas, essas emoções podem aumentar as chances de transtornos de saúde mental como a ansiedade.

A ansiedade é um distúrbio que atinge grande parte das crianças e adolescentes e causa inúmeros sintomas, como mudanças repentinas de comportamento, má alimentação, indisposição e isolamento social. Em Porto Velho, o tratamento da população de 5 a 17 anos na rede pública é feito no Centro de Apoio Psicossocial Infanto Juvenil (CAPS I), que possui dez anos de existência e é referência no atendimento psicológico dessa faixa etária.

A unidade é formada por uma equipe multidisciplinar voltada para a saúde mental, composta por profissionais médicos psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e técnicos de enfermagem. A psicóloga Helena Cordenuzzi explica que ao chegar no CAPS I, a criança passa por uma avaliação para verificar o grau de sofrimento psíquico e constatar se o menor está consumindo conteúdos ou convivendo em ambientes que despertam o gatilho de ansiedade.

“Hoje em dia temos parâmetros que usamos para fazer avaliação psicológica. Inicialmente conversamos com os pais ou responsáveis para fazer uma entrevista, principalmente para avaliar o contexto familiar que a criança vive e justificar o tratamento, a busca de profissionais especializados e possivelmente a medicação. Muitas vezes apenas a mudança de hábitos já resolve e dispensa o atendimento”.

Entre os principais diagnósticos recebidos pela unidade estão a ansiedade, depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), TOD, autismo, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno de personalidade borderline, psicopatia e transtorno alimentar.

ESPERANÇA

A paciente M.C.R iniciou o acompanhamento no CAPS I aos 12 anos, depois de um processo de separação dos pais, que ocasionou ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Hoje, aos 15 anos, ela compartilha que o tratamento trouxe esperança para a sua vida.

“O que eu via ali era só escuridão, mas quando a equipe veio e me deu oportunidade de abrir o meu coração, ver o passado para resolver o presente, para eu ter esperança de um futuro melhor, isso me ajudou muito. A menina que eu vejo lá atrás, que não via possibilidade de liderar alguma coisa, hoje tem sonhos, objetivos e metas, e eu vejo que muitas crianças e adolescentes precisam ter a voz ouvida assim como eu estou tendo”, relata.

APOIO

Para Helena Cordenuzzi, o apoio dos pais ou responsáveis de crianças e adolescentes é fundamental para que haja efetividade no processo terapêutico. “Entendemos que o paciente não está isolado e que ele precisa do suporte familiar. Não adianta a gente entrar com medicação, fazer o aconselhamento e a orientação, se em casa não tem a estrutura e o apoio. Nosso trabalho é coletivo, nossa preocupação é resgatar e ajudar, mas muitas vezes essas pessoas que estão acima da criança precisam de mais suporte do que a própria criança”.

Luzia Viana, diretora do CAPS Infantojuvenil, afirma que a unidade desenvolve um trabalho próximo da comunidade. “Enquanto instituição, buscamos trazer essas famílias para perto da gente, para que haja interação e socialização. Nossa equipe oferece atendimento individualizado, grupos terapêuticos, terapia a base de brinquedos e jogos e o acolhimento dos pacientes, sempre em busca de melhorar a saúde mental das nossas crianças e adolescentes”.

Para buscar atendimento psicossocial para menores de idade, os pais ou responsáveis devem comparecer ao CAPS I acompanhados dos documentos oficiais com foto e documentos da criança, comprovante de residência e cartão do SUS. A unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, na rua Dom Pedro II, 2687, São Cristóvão.