É difícil errar ao pegar dois dos melhores e mais carismáticos astros de ação da atualidade e jogar milhões de dólares neles até sair um filme. “Velozes e furiosos: Hobbs e Shaw” é o resultado, uma mistura certeira de diálogos cafonas, clichês absurdos e momentos impossíveis, mas extremamente divertidos.
O derivado de uma das franquias de maior sucesso do cinema (fora da Disney) estreia nesta quinta-feira (1º) no Brasil. Ao deixar para trás algumas das limitações da saga estrelada por Vin Diesel, “Hobbs e Shaw” abraça de vez o ridículo e se torna tudo aquilo que a parceria entre Dwayne Johnson e Jason Statham poderia ser.
Infelizmente, nem a química incrível da dupla é suficiente para segurar as mais de duas horas da história, que em certos momentos exagera na pieguice. A tosquice das frases de efeito, dignas dos melhores filmes de duplas dos anos 1990, é mais que bem-vinda, mas escorrega em dramas pessoais ou familiares.
Golpes previsíveis…
Os dois já faziam a linha “iniamigos” (versão brasileira dos “frenemies” americanos) desde o primeiro confronto em um dos milhares de “Velozes e furiosos” – Statham estreou como Shaw no sexto, mas só se juntou à galera oficialmente no sétimo; já Johnson apareceu como Hobbs a partir do quinto. Ambos como antagonistas que se tornaram aliados.
Em “Hobbs e Shaw”, a história é velha. Uma dupla de agentes durões (mas com corações de ouro enterrados bem lá no fundo de montanhas de músculos) deve superar suas previsíveis rivalidades para salvar o mundo.
A ameaça da vez também não é das mais originais, com um grupo terrorista que busca a evolução humana através da tecnologia depois de dizimar a população com um vírus mortal.
No papel do grande vilão está outro fortão carismático, o britânico Idris Elba (“A torre negra”), que interpreta um mercenário implacável com toques de cibernéticos. Ou seja, algo como “Missão: Impossível 2”encontra “O Exterminador do Futuro”.
…mas que encaixam
Se o enredo não é lá dos mais originais, as cenas de ação valem o ingresso. O diretor David Leitch usa sua experiência demonstrada em filmes como “De volta ao jogo” (2014) e “Atômica” (2017) para construir belas sequências em que a pancadaria come solta.
Ele ainda cede aos famigerados cortes rápidos e câmeras tremidas nos momentos mais explosivos, mas os combates corpo-a-corpo fazem bom uso das experiências marciais dos protagonistas.
Já os atores, que nunca se acanharam em produções menores ou mais toscas, encontram em “Hobbs e Shaw” o melhor uso para as suas habilidades. A diversão da dupla é evidente na maior parte do filme.