Como vivem os amish, pessoas que resistem às tentações da civilização e se prendem às tradições do século XIX

Em países tão desenvolvidos quanto os Estados Unidos e o Canadá, existem cerca de 330 mil pessoas que aderem a um estilo de vida tradicional. Elas rejeitam todas as conquistas da civilização e se comportam como se estivessem vivendo nos séculos XVIII ou XIX. Usam roupas antiquadas, andam em carroças puxadas por cavalos, trabalham na terra com um arado e não usam eletricidade. Estamos falando dos amish.

No Incrível.club ficamos curiosos para descobrir como vivem os representantes desse grupo e encontramos mais de 30 fatos pouco conhecidos a seu respeito.

Em 1693, os seguidores do pregador anabatista Jacob Amman, que defendiam uma interpretação literal da Bíblia, começaram a se chamar de amish. No início do século XVIII, devido à intimidação das autoridades europeias, emigraram para o norte e leste dos Estados Unidos, assim como para o Canadá. Uma vez na América, os representantes desse movimento não puderam manter sua unidade e foram divididos em dois grupos: os seguidores da Velha Ordem (a maioria deles) e os defensores da Nova Ordem. Essas comunidades vivem de acordo com as rígidas regras de comportamento descritas no Ordnung, que afetam a maioria dos aspectos de sua vida cotidiana. Quais são as tradições e princípios que os membros desse movimento seguem?

Os amish falam o dialeto conhecido como Deitsch (ou alemão da Pensilvânia).

Quase todos eles se originam de 200 fundadores ancestrais, e como formam famílias apenas com representantes de seu próprio círculo, o nível de algumas doenças hereditárias é alto entre eles. Ao mesmo tempo, o estado de saúde dos amish é 2 vezes melhor que o de qualquer americano. Isto graças a um estilo de vida saudável. Além disso, seus integrantes têm a menor incidência geral de câncer nos Estados Unidos.

Os amish não constroem igrejas e templos, mas celebram cultos religiosos na casa de algum membro da comunidade. Eles realizam o batismo em uma idade consciente, dos 16 aos 25 anos. A propósito, não participam absolutamente da atividade missionária, ou seja, não tentam converter o maior número possível de pessoas à sua fé.

Trata-se de um grupo pacifista, que não aceita a violência de forma alguma. Portanto, seus integrantes não participaram de nenhuma guerra e não fazem serviço militar.

A comunidade amish é uma das que mais crescem no mundo. Em média, suas famílias têm 7 filhos. Os agricultores geralmente têm ainda mais, uma vez que necessitam de mão de obra para o trabalho agrícola.

Eles não aceitam a assistência social do estado e de outras organizações externas, preferem ajudar os membros doentes e idosos da comunidade por conta própria. Além disso, não pagam impostos, não cobram pensões e não têm seguro.

Seus representantes apoiam um ao outro e estão dispostos a auxiliar seus companheiros a qualquer momento e em qualquer questão. Por exemplo, se uma família jovem precisa de uma casa nova, dezenas ou centenas de homens se juntam para erguer uma enorme residência de madeira em um ou dois dias, também sob o sistema “faça você mesmo”.

As crianças frequentam escolas construídas pela comunidade — geralmente são casas de um único cômodo. Os pequenos representantes da comunidade estudam apenas até o 8º ano e depois não aspiram fazer um curso superior. Durante seus estudos, eles só recebem o conhecimento que pode ser útil nas fazendas: os anabatistas acreditam que tal base seja suficiente para a vida adulta. As professoras geralmente são jovens solteiras que se formaram recentemente na escola.

Em geral, as crianças obedecem estritamente aos pais e não se atrevem a contradizê-los, fazer caretas, ficar com raiva ou dizer palavrões. Caso contrário, a punição corporal é aplicada. Portanto, a desobediência juvenil entre os anabatistas é rara.

Quando um adolescente faz 16 anos, chega o período da rumspringa: ele pode sair para conhecer o mundo e compará-lo com o que aprendeu em sua família. Por vários anos, pode fazer o que quiser, e a comunidade pagará suas despesas. Mas então deve decidir se permanece no mundo civilizado ou se retorna à comunidade. Caso se recuse a voltar para a família, todos ficarão longe dele para sempre, incluindo seus pais, irmãs e irmãos. Curiosamente, a maioria decide ficar na comunidade. A maioria dos que decidem não voltar é formada por meninas, que conseguem encontrar amigos ou parceiros no mundo “exterior”.

Antes do casamento, o casal não tem relações íntimas. Os jovens podem dormir na mesma cama, porém separados por uma tábua ou cobertores especiais. Em alguns casos, a mãe da noiva pode costurar um saco de lona, ​​no qual a moça deve dormir durante um mês.

Os amish costumam celebrar casamentos de novembro ao início de dezembro, e somente às terças e quintas-feiras. A noiva usa um vestido de linho azul, que pode vestir novamente no futuro em outras datas comemorativas. A cerimônia de casamento dura apenas algumas horas, após as quais todos se reúnem em um banquete, conversando e cantando canções religiosas. Os recém-casados ​​passam a noite de núpcias na casa dos pais da noiva.

Divórcios e abortos são inaceitáveis. A contracepção não é proibida, mas também não é generalizada, uma vez que ter muitos filhos é considerado uma bênção.

A mulher da comunidade é principalmente dona de casa. Suas responsabilidades são preparar comida e ajudar os vizinhos.

Os amish não admitem os idosos em asilos, por isso cuidam deles pelo resto de suas vidas.

A comunidade é proibida de usar veículos modernos. Assim, são utilizadas carruagens puxadas por cavalos com rodas de aço, geralmente estofadas em couro preto. Elas são chamadas de “buggy” (da palavra bug — besouro) e equipadas com luzes de óleo ou querosene.

Por outro lado, eles não estão proibidos de contratar motoristas de caminhonetes e caminhões, por exemplo, para ir ao supermercado ou visitar outras comunidades longe. O fato é que um cavalo não pode fazer mais do que 40 km, depois de tal viagem ele precisa de muito tempo para descansar. Assim, os amish podem se afastar de casa no máximo 20 km. A propósito, eles também estão autorizados a viajar de ônibus e trem. E para as viagens curtas usam patinetes.

O trabalho que requer grande esforço é considerado piedoso e muitos avanços tecnológicos são indesejáveis, ​​pois reduzem a necessidade de trabalho árduo. E também porque deixam os jovens agricultores com muito tempo livre. Por exemplo, para o trabalho de campo, são utilizados cavalos e arados.

Os membros da comunidade usam roupas simples de uma única cor, e ao longo dos anos seu estilo não mudou em nada. Os homens vestem camisas, calças com suspensórios, ternos e chapéus de palha ou feltro de abas largas. Ao mesmo tempo, a utilização de luvas, gravatas, cintos e tênis é estritamente proibida. Após o casamento os homens deixam a barba crescer e removem os bigodes, que são proibidos por estarem associados ao exército.

As mulheres usam vestidos longos de corte simples e cores suaves, muitas vezes em combinação com aventais. As senhoras solitárias vestem lenços negros sobre as cabeças — no caso das mulheres casadas, os lenços são brancos. Também é proibido usar joias, pois acredita-se que elas chamam a atenção para o corpo. E não se permite tingir e cortar o cabelo.

Todas as roupas são costuradas e não usam botões. Em contraste, os amish da Velha Ordem usam um sistema de ganchos, alças e cintos, bem como fechos de metal. Em geral, todos os membros da comunidade devem ser iguais sem se destacar.

Quando faz calor, muitas crianças andam descalças. Elas vão assim até mesmo para a escola.

Todos os amish são proibidos de usar a Internet, televisão, rádio, gás e eletricidade (acredita-se que os cabos estejam ligados ao mundo exterior, o que sua crença não permite). Mas alguns dos defensores da Nova Ordem permitem a utilização de tratores e caminhões, bem como de eletricidade nos espaços adjacentes, mas nunca dentro de casa. Só que isso é extremamente raro.

Além disso, os menos conservadores podem ter geladeiras a gás natural ou motores a querosene. E entre os da Velha Ordem é permitido o uso de painéis solares e painéis solares térmicos.

Em casos de emergência, os amish podem usar a cabine telefônica instalada no centro de sua aldeia.

Eles não dançam nem ouvem música, exceto o canto coral da igreja. São proibidos de cultivar flores para fins decorativos, mas nos feriados são autorizados a decorar suas casas com buquês de manjericão ou aipo.

A comunidade ganha a vida por meio da agricultura e do artesanato. Uma vez que não são usados antibióticos, pesticidas, produtos químicos e outros aditivos, os legumes, verduras, frutas e produtos de origem animal que produzem são altamente valorizados entre os amantes da dieta saudável. O preço desses produtos é bastante alto e somente os americanos ricos podem comprá-los. A propósito, sua confeitaria é considerada a mais deliciosa dos Estados Unidos, pois tudo nela é feito apenas com ingredientes naturais.

É por isso que entre os amish existem muitas pessoas ricas, mesmo para os padrões americanos. Além disso, eles não compram carros, não têm que pagar uma hipoteca, não gastam dinheiro em roupas, joias, cosméticos, não bebem álcool e trabalham do amanhecer ao anoitecer.

Por sinal, seus integrantes também são excelentes carpinteiros e fazem móveis de madeira de alta qualidade, que vendem a preços altos. A demanda por esses produtos é enorme, pois são resistentes e confiáveis.

E em seu tempo livre das tarefas domésticas, as mulheres fazem colchas: cobertores e tapetes feitos de retalhos de tecido com um padrão muito complexo, que também são vendidos em mercados especializados e leilões.

As crianças têm brinquedos simples feitos à mão e as bonecas não têm rostos. Elas são de pano e, de acordo com os integrantes da Velha Ordem, devem evitar que as crianças sintam orgulho e vaidade.

Os representantes da comunidade não gostam de ser fotografados e eles próprios não tiram fotografias. A maioria das imagens em que aparecem foi feita com seus integrantes de costas. Embora às vezes permitam que suas fotos sejam tiradas em um ambiente descontraído.