Coronavírus: Cortar ou não cortar a barba, eis a questão

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Com a disseminação do novo coronavírus, a barba virou vilã. Isso porque muitos homens – incluindo personalidades da cultura e do esporte – resolveram apará-la ou mesmo removê-la por completo pelo temor de que gotículas contaminadas poderiam se alojar nos pelos e se transformar em focos de contágio. No entanto, especialistas afirmam que não há necessidade de tirar a barba – desde que ela passe por uma higienização adequada.

“Os vírus podem estar em qualquer tipo de superfície, mas não há nenhum trabalho científico que mostre que ter barba propicia maior acúmulo”, afirma o dermatologista Egon Daxbacher, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Para o médico, é preciso ter bom senso: se uma pessoa com barba espirrar, o ideal é fazer a limpeza imediatamente. “O importante no momento é o que temos cientificamente: a lavagem de mãos, evitar tocar o rosto sem ter higienizado as mãos e lavar o rosto”, recomenda.

O estudante de Direito Thiago Santos, de 30 anos, não quis pagar para ver. Com hábito de colocar a mão no bigode frequentemente, preferiu tirar os pelos da face. “Estou em quarentena com meus pais em casa, eles têm mais de 60 anos, era uma forma de eu me prevenir. Gostava de usar a barba, mas como estou em casa o tempo todo, não foi tão ruim assim”, afirma. Ele fez um vídeo tirando a barba e postou em seu perfil no Instagram. A filmagem faz alusão à famosa cena da novela Laços de Família (2000), em que a personagem Camila (Carolina Dieckmann) tem o cabelo raspado ao som da música Love By Grace.

Amigo de Santos, o gestor de operações de e-commerce Lucas Silveira, de 31 anos, também raspou a barba depois de ver um médico dizer em um programa de televisão que a barba poderia conter impurezas e propagar o vírus. “Foi meio estranho, não passava navalha no rosto há uns cinco ou seis anos, mas preciso ajudar ao máximo nesse período do coronavírus. Vi que eu ia precisar ficar limpando a barba sempre e preferi tirar”, diz.

Médicos afirmam que não há comprovação científica de que pelos do corpo representam um perigo em tempos de coronavírus. O infectologista Celso Granato, da Unifesp, conta que a recomendação do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano é de que profissionais da saúde que lidam com pacientes devem retirar a barba. “A máscara de prevenção, com a barba, não se adapta e perde a aderência”, explica.

Granato reforça que a limpeza constante das mãos e do rosto é o ideal para não se contaminar. Seguida esta orientação, não há razão para remover a barba para se prevenir da covid-19. “Se você é uma pessoa asseada, usa barba e está sempre se lavando, em relação a quem não tem barba mas não tem esse mesmo cuidado, será que faz diferença? É preciso considerar outros fatores para não colocar a culpa na barba”, ressalta o infectologista.

Barbeiro e um dos sócios da Barbearia Retrô, em São Paulo, Alex Peres está de acordo. “Se sair, ao voltar para casa é preciso lavar a barba, mas também lavar bem as mãos, tirar os sapatos…”, explica. Segundo ele – que postou um vídeo no Instagram ensinando como manter a barba higienizada – o principal cuidado para quem quiser manter a barba é não ficar passando a mão nela a todo momento.

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