Distanciamento social para conter novo coronavírus pode ser necessário até 2022, diz estudo de Harvard

Medidas podem ser aplicadas de maneira intermitente, de acordo com taxa de contágio da Covid-19. Pela projeção, as autoridades de saúde devem monitorar a transmissão do vírus até 2024.

0
666

Estudo publicado na revista “Science” nesta terça-feira (14) por cinco cientistas da Universidade Harvard (Estados Unidos) mostra que medidas de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus podem ser necessárias até 2022 — caso não haja vacina ou tratamento capazes de conter a Covid-19

Além disso, mesmo se houver uma eliminação aparente da doença, autoridades terão de monitorar o novo coronavírus até 2024, indicam os cenários apontados pelos pesquisadores.

Uma criança olha para a rua da janela de sua prédio em Harare, no Zimbábue, em 30 de março. O país está em isolamento por 21 dias em um esforço para conter a propagação do coronavírus — Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP
O artigo ressalta que um distanciamento social adotado de forma intermitente enquanto o coronavírus circular “poderia prevenir que a capacidade das UTIs sejam excedidas”. Com a capacidade atual, a pandemia de Covid-19 pode durar até 2022 desde que essas medidas de afastamento sejam adotadas para evitar uma sobrecarga no sistema de saúde.

“Pelo histórico da infecção, há uma janela de aproximadamente três semanas entre o início do distanciamento social e o pico da demanda por cuidados intensivos de saúde”, diz o artigo.

Assim, os cientistas de Harvard afirmam que há duas possibilidades para reduzir a duração da pandemia e das medidas de distanciamento social:

  • Aumentar a capacidade do sistema de saúde
  • Introduzir um tratamento que corte pela metade a proporção de infectados que necessitem internação

Quais as possibilidades de imunidade?

Imagem de microscópico mostra o novo coronavírus, responsável pela doença chamada Covid-19 — Foto: NIAID-RML/AP

Os pouco mais de três meses desde o início do espalhamento da doença ainda são insuficientes para concluir se a infecção pelo novo coronavírus confere imunidade permanente ou não à Covid-19.

Se a imunidade for permanente, diz o estudo de Harvard, o vírus pode desaparecer após cinco ou mais anos depois de causar uma epidemia de grande porte. Se não for, é provável que o novo coronavírus entre em circulação regular com surtos de tempos em tempos, como ocorre com alguns causadores da gripe.

Há, ainda, a possibilidade de a infecção por outros tipos de coronavírus conferir algum grau de imunidade cruzada para a Covid-19. Nesse caso, o contágio do Sars-CoV-2 poderia sumir por até três anos até ressurgir em 2024 — isso se o novo coronavírus não desaparecer até lá.

Como o estudo foi feito?

Imagens do laboratório da Fiocruz onde acontecem pesquisas sobre coronavírus — Foto: Reprodução/TV Globo

Os cientistas de Harvard analisaram dados do espalhamento de outros tipos de coronavírus que circulam pelos Estados Unidos há anos e causam apenas resfriados comuns. O grupo estudou as características de imunidade e sazonalidade desses vírus — isto é, quando, durante o ano, há maior contágio.

Os cientistas assumem que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) pode circular em qualquer momento no ano. Porém, pelos cenários observados pelo grupo, o contágio pode ter picos mais ou menos agudos a depender da estação e das características locais.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui