Após revolta de famílias, Prefeitura de Manaus volta atrás e cancela enterros com caixões empilhados

Método pretendia colocar um caixão em cima do outro em valas mais profundas e foi anunciado nesta segunda-feira (27). Manaus tem média de 100 enterros por dia há uma semana.

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Diante da repercussão negativa sobre o empilhamento dos caixões de pessoas mortas em Manaus, a prefeitura voltou atrás e informou que não serão mais realizados sepultamento em ”sistema de camadas” no cemitério público Nossa Senhora Aparecida.

O método, que pretendia colocar um caixão em cima do outro em valas mais profundas, chegou a ser divulgado nesta segunda-feira (27) e causou revolta entre familiares. Em novo comunicado, divulgado nesta terça, a prefeitura diz que vai manter o modelo de valas comuns, chamadas de trincheiras, “como já vinha ocorrendo, preservando a identidade dos corpos e o vínculo das famílias”.

Com uma média atual de 100 sepultamentos por dia, os cemitérios públicos de Manaus registraram recorde de enterros neste domingo, quando 140 enterros foram feitos em 24 horas. Até esta segunda, o Amazonas já registrava mais de 3,9 mil casos de Covid-19 – com 320 mortes.

No sistema atual, são realizados cinco sepultamentos por vez, em uma vala comum, com os caixões posicionados lado a lado. Na noite desta segunda-feira aconteceram enterros de noite no cemitério. Segundo a prefeitura, caso haja a necessidade para atender a demanda do dia os enterros serão “estendidos para as famílias que já estão no interior do espaço”.

Nesta segunda (27), ao anunciar o empilhamento de caixões, a Prefeitura de Manaus afirmou que a medida tinha sido tomada por conta da alta demanda de enterros na capital e para atender a projeção de mais enterros.

Ao longo do dia, foram registrados 109 enterros na capital e nove cremações. Destes:

  • 10 morreram pela Covid-19
  • 47 morreram por síndrome ou insuficiência respiratória
  • 30 tiveram registro de causa “indeterminada ou desconhecida”
  • 31 não tiveram detalhes sobre causa da morte

Cruzes com identificação são colocadas nos túmulos para facilitar localização pelos familiares no cemitério público no bairro Tarumã, em Manaus. — Foto: Carolina Diniz/G1 AM

Colapso no sistema funerário

Antes da pandemia pelo novo coronavírus, a média de sepultamentos em Manaus era de 30 por dia, segundo o Sindicato das Empresas Funerárias do Estado (Sefeam). Há mais de uma semana, cartórios da capital também estenderam o regime de plantão para atender alta demanda de registro de óbito.

Empresas privadas informaram que só possuem estoque de urnas funerárias para os próximos dias, caso a quantidade de enterros permaneça alta. Equipes do cemitério realizam um trabalho para convencer familiares a adotaram pela cremação, evitando uma superlotação no local.

Prefeitura de Manaus estima que 4.260 enterros sejam realizados na capital no mês de maio — Foto: Carolina Diniz/G1AM

Sepultamentos em números

  • 09/4 – 39 sepultamentos 39 / 3 por Covid-19
  • 10/4 – 47 sepultamentos / 5 por Covid-19
  • 11/4 – 51 sepultamentos / 10 por Covid-19
  • 12/4 – 64 sepultamentos / 6 por Covid-19
  • 13/4 – 58 sepultamentos / 5 por Covid-19
  • 14/4 – 64 sepultamentos / 4 por Covid-19
  • 15/4 – 88 sepultamentos / 7 por Covid-19
  • 16/4 – 75 sepultamentos / 4 por Covid-19
  • 17/4 – 96 sepultamentos / 3 por Covid-19
  • 18/4 – 89 sepultamentos / 6 por Covid-19
  • 19/4 – 122 sepultamentos / 6 por Covid-19
  • 20/4 – 104 sepultamentos / 9 por Covid-19
  • 21/4 – 136 sepultamentos / 4 por Covid-19
  • 22/4 – 120 sepultamentos / 7 por Covid-19
  • 23/4 – 135 sepultamentos / 12 por Covid-19
  • 24/4 – 128 sepultamentos / 13 por Covid-19
  • 25/4 – 98 sepultamentos / 6 por Covid-19 / 4 cremados (102 total)
  • 26/4 – 140 sepultamentos / 10 por Covid-19 / 2 cremados (142 total)
  • 27/4 – 109 sepultamentos / 10 por Covid-19 / 9 cremados (118 total)

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