O Museu da Memória Rondoniense, o maior do estado, também deverá ser virtual. Sediado no antigo Palácio Presidente Vargas, no centro de Porto Velho, o prédio está com visitas suspensas devido à pandemia mundial do novo Coronavírus.
“A conjuntura brasileira no momento nos impõe reflexões, porque o nosso espaço é de aglomerações”, reconhece a diretora do museu, Ednair Rodrigues do Nascimento.
Neste 18 de maio comemora-se o Dia Internacional dos Museus, data indicada desde 1977 pelo Conselho Internacional de Museus (Icom). Apesar da pandemia, Rondônia, a Amazônia e o mundo permanecem cheios de beleza, de cultura e arte, daí, a esperança da construção de trajetórias e memórias.
“São espaços múltiplos que inspiram, desafiam e provocam o pensamento, nos devolvem, mesmo que por alguns momentos, a alegria de viver e a certeza que tempos melhores virão”, considera a pesquisadora, historiadora e museóloga da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Marcelle Pereira.
A exemplo de tantos outros setores públicos e privados brasileiros, o período favorece reinvenções. Os museus fazem parte dessa preocupação, admite a diretora Ednair.
“Como ocupar o espaço cultural que já havíamos iniciado em Porto Velho? Caminhávamos bem, pois recebíamos alunos de escolas e também muitos turistas”, questiona Ednair.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Mário Castagna foi uma das que mais enviou alunos ao museu –mais de cem. Crianças da Vila Princesa, onde fica o aterro sanitário de Porto Velho, também o conheceram.
Visitas escolares estão entre os itens das restrições e cuidados determinados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Ednair tem recebido mensagens pessoais e de pesquisadores de instituições que pretendem dar continuidade a trabalhos anteriormente iniciados. “Muitos deles pedem fotos e imagens de peças, jornais, mapas e documentos”, diz.
O Ibram vem debatendo com sua rede de contatos como funcionar no período da pandemia. Cursos de capacitação ensinam e programam servidores dessas casas para a inserção no mundo digital.
Ednair louva o trabalho do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) na digitalização. Segundo ela, a parceria “é forte” e tem oferecido um valoroso saldo de serviços no laboratório de Ji-Paraná.
Para a professora Michelle Pereira, os museus certamente vão precisar se reinventar: “Os tempos nos exigem mudanças. Nós estamos mudando, a única coisa que precisa ser mantida neste significativo universo de transformações é o compromisso com o público, com a dignidade humana, com a garantia de direitos e com a equidade”. Ela alertou: “Muitas são as opressões vividas cotidianamente e os museus precisam estar atentos a elas e reinventar formas cada vez mais integradas para enfrentá-las”.
“MUSEUS TÊM QUE PASSAR EMOÇÕES”
“Quando não provocam emoções, reflexões e motivam atitudes, os museus passam a ser mero depósito de objetos de valor, muitas vezes, inestimáveis. Com uma trajetória que nasce no cenário das musas segue vivo alimentando mentes e corações reafirmando memórias e infelizmente esquecendo outras”, assinala.
Na data comemorativa, a museóloga também apela para para a população compreender a importância desses espaços em sociedade e alerta para as dificuldades que enfrentam, notadamente as instituições públicas.
Segundo Michelle Pereira, atualmente em Rondônia há duas experiências museais que merecem atenção e carinho: “O Museu da Memória Rondoniense, que mantém relação muito próxima com a comunidade artística e cultural de Porto Velho e do estado, porque mantém espaços dinamizados e recebe manifestações culturais variadas e ricas do ponto de vista da cultura local”.
Para ela, trata-se de um exemplo do potencial que existe como centro irradiador de valorização do patrimônio cultural. “Importante destacar que esse dinamismo é fruto da consciência de que os museus devem cada vez mais estar inseridos em sociedade e ampliar suas formas de diálogo e de interferência em benefício da dignidade humana em seus mais variados aspectos”.
A segunda experiência é o Museu de Gente: “Uma iniciativa que nos enche de orgulho, por reunir entrevistas com diversas pessoas que constituem a partir de suas memórias este território rondoniense, ambas iniciativas governamentais”.
“VIDA LONGA!”
No dia em que se comemora a vida do museu brasileiro, a professora Michelle Pereira lhes deseja vida longa, igualmente, aos profissionais da cultura:
“Os tempos nos exigem mudanças, nós estamos mudando, a única coisa que precisa ser mantida neste significativo universo de transformações é o compromisso com o público, com a dignidade humana, com a garantia de direitos e com a equidade. Muitas são as opressões vividas cotidianamente e os museus precisam estar atentos a elas e reinventar formas cada vez mais integradas para enfrentá-las. Vida longa aos museus! Vida longa aos profissionais da cultura!”.
NOTA DO IBRAM
A pandemia do novo Coronavírus COVID-19 requer o compromisso de todos com a sua prevenção e saúde pública. Neste sentido, o Ibram orienta que sejam adotadas as medidas divulgadas por nossas autoridades de saúde.
Para garantir que os funcionários, voluntários e visitantes estejam seguros, minimizando, inclusive, o impacto na operação dos museus, recomendamos as seguintes medidas de precaução:
► O monitoramento contínuo da situação da pandemia em sua região; que idosos e aqueles com mais riscos ou que estejam em contato próximo com populações mais vulneráveis sejam orientados a adiarem suas visitas a museus e tomem precauções extras, conforme descrito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde;
► Que sejam adotados protocolos avançados de limpeza, aumentando o número de vezes por dia em que áreas do museu são limpas e desinfetadas, incluindo exposições, corrimãos, botões de elevadores, banheiros, etc.
► A disponibilização de álcool em gel para higienizar as mãos;
► Que seja avaliada a possibilidade de desligarem e isolarem os equipamentos interativos; e o adiamento de eventos, cursos e seminários, devido a aglomeração de pessoas;
► Que seja avaliada a pertinência do cancelamento das visitas escolares. É muito importante lembrar que as fontes oficiais de informação do Governo Federal divulgam dados qualificados e baseados em evidências capazes de dirimir dúvidas e combater eventuais equívocos sobre esse assunto.