Ministério da Saúde diz que vai continuar mapeamento de casos de Covid-19 na população

Pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) não teve o financiamento renovado. Estudo revelou que o número de infectados no Brasil é cerca de 6,5 vezes maior do que mostram os dados divulgados.

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O Ministério da Saúde informou, nesta terça-feira (21), que vai continuar o mapeamento de casos de Covid-19 na população brasileira, mas não garantiu que renovará o financiamento da Epicovid, pesquisa coordenada pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Em nota, a pasta esclareceu que as três etapas previstas da pesquisa foram executadas. (Leia nota completa abaixo)

Segundo o reitor da UFPel, Pedro Hallal, a pasta não demonstrou interesse em avançar para novas etapas do estudo, que foi concluído este mês.

“Completamos as três fases, o projeto foi concluído. O que o Ministério poderia fazer, que seria razoável, era continuar e fazer mais fases da pesquisa. Infelizmente, parece que o Ministério não está interessado, porque não nos procurou mais. Embora a gente tenha manifestado o quanto era importante seguir em mais fases da pesquisa”, explica Hallal.

O Ministério da Saúde afirmou que há a possibilidade do estudo ser desenvolvido por outra instituição, ou ainda pelo PNAD Covid, na pesquisa do IBGE. “Uma alternativa em estudo é utilizar ambas as estratégias”, explicou o ministério.

O estudo desenvolvido pela UFPel encontrou uma grande diferença entre os números das estatísticas oficiais e as pessoas que têm anticorpos para a doença. De acordo com a pesquisa, o número de infectados no Brasil pelo coronavírus é cerca de 6,5 vezes maior do que mostram os dados divulgados.

A terceira fase da pesquisa mostrou que, em dois meses, aumentou a prevalência do coronavírus em um grupo de cidades analisadas: de 1,9% (fase 1 da pesquisa entre 14 a 21 de maio) para 3,8% (fase 3, que ocorreu de 21 a 24 de junho). No mesmo período, o distanciamento social caiu de 23,1% para 18,9%.

“Os resultados, inclusive, foram bastante elogiados pelo Secretário-Executivo do Ministério [Elcio Franco]. Os artigos estão sendo publicados em uns dos melhores periódicos científicos do mundo, estão em avaliação e serão publicados. Não existe nenhuma razão científica que justifique a não continuação do financiamento. Agora, se existe alguma outra razão, nós desconhecemos”, aponta o reitor.

Continuação da pesquisa

A UFPel, agora, busca novas formas de financiamento para dar sequência às próximas fases da Epicovid. Conforme Hallal, já existem negociações com instituições de pesquisa e iniciativa privada, para evitar que o estudo seja afetado.

“É uma coisa muito triste para o Brasil, tu ter o maior estudo epidemiológico do mundo sobre coronavírus e o estudo parar no meio por falta de financiamento. Acho que é um pouco do retrato de como o país trata a ciência e tecnologia”, afirma Hallal.

Nota do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde dará continuidade a estudos de inquérito epidemiológico de prevalência de soropositividade na população. Ainda não está definido se será a continuação do EPICOVID19-BR, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) ou por outra instituição, ou PNAD Covid, pelo IBGE. Uma alternativa em estudo é utilizar ambas as estratégias.

O Ministério da Saúde esclarece ainda que, conforme estava previsto no Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado com a UFPel, as três etapas previstas da pesquisa EPICOVID-19 foram executadas. A pesquisa “Evolução da Prevalência de Infecção por COVID-19” foi financiada pelo Ministério da Saúde por meio de um Termo de Execução Descentralizada de Recursos. O extrato foi publicado no Diário Oficial da União.

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