Manifesto sela afastamento entre Bolsonaro e Skaf

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O presidente Jair Bolsonaro disse a aliados ter considerado a operação liderada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, de elaborar um manifesto em favor da harmonia dos poderes, uma traição e que avalia que a atitude deve selar o afastamento entre eles.

Para o governo, o gesto de Skaf tem motivação política na medida em que coincide com a aproximação do projeto presidencial que vem sendo capitaneado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab. O ex-prefeito de São Paulo lhe ofereceu uma vaga ao Senado na chapa que pretende lançar ao governo paulista tendo Geraldo Alckmin na cabeça de chapa e Márcio França na vice.

A ira do Palácio do Planalto é maior também porque Bolsonaro nomeou Skaf para o Conselho da República em 19 de fevereiro. O órgão está previsto na Constituição e tem caráter consultivo, mas nunca foi acionado pelo presidente. Sua indicação, contudo, é vista como um gesto político relevante.

A interlocutores, Skaf tem dito que o movimento que liderou tinha por objetivo apenas ajudar a estabilizar a relação entre os poderes após semanas de crise institucional que afeta os indicadores econômicos. Ele e Bolsonaro, porém, não se falam há semanas, segundo uma fonte. O distanciamento foi sendo maior conforme Bolsonaro foi estimulando o ministro dos Transportes, Tarcisio Freitas, a disputar o governo de São Paulo em 2022. Skaf tinha essa pretensão. Já disputou e perdeu o cargo em 2018 e 2014.

No episódio do manifesto, Bolsonaro e Skaf, garantem interlocutores de ambos, não se falaram. O responsável pela interface foi o ministro da economia, Paulo Guedes, que falou com Skaf sobre o assunto após o presidente da Fiesp procurá-lo para falar da ideia do manifesto. A conversa ocorreu na segunda-feira e a ideia de Skaf foi tranquilizá-lo de que não se tratava de nada contra o governo. Teria dito que o movimento era simétrico, ou seja, que era endereçado aos três poderes, e não apenas ao Palácio do Planalto. E que a ideia era que cada poder cuidasse das suas funções para que o país pudesse retomar a economia após a pandemia. O recado, porém, foi transmitido a Bolsonaro, que não se convenceu.

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