Danilo Gentili rebate Mario Frias: ‘Censura nunca acaba, apenas muda de agenda’

Humorista comentou repercussão em torno da comédia "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", que é acusada de pedófila pelo secretário especial da Cultura

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O ator e comediante Danilo Gentili chama de “censura” as declarações de membros da base do governo Bolsonaro contra o filme “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, comédia lançada originalmente em 2017 que agora é acusada de pedófila pelo secretário especial da Cultura, Mario Frias, e pelo deputado André Fernandes.

O longa é baseado no livro homônimo escrito por Gentili em 2009 e mostra dois garotos executando as lições presentes no tal livro, que na adaptação para as telas é um caderno escrito anos atrás e escondido em um banheiro. Eles têm a ajuda do próprio autor das “maldades” do caderno, interpretado por Gentili.

Há uma cena na qual o personagem interpretado por Fábio Porchat pede que dois garotos o masturbem. Os meninos reagem com surpresa e negam o pedido. Este trecho, cortado do filme e lançado no Twitter no domingo (13) por aliados do presidente, foi o estopim da polêmica que agora cerca a obra.

O Ministério da Justiça determinou que as plataformas de streaming suspendam a exibição do filme, numa ação questionada por advogados.

Como o senhor vê a determinação do governo de que o filme seja retirado das plataformas de streaming? Não me parece a atitude de um governo que foi eleito dizendo que defenderia a liberdade de expressão, não? Se pessoas morrendo de Covid são chamadas pelo governo de “mimimi”, como deveriam chamar pessoas que querem censurar um filme de cinco anos atrás?

Pretende tomar alguma ação legal para tentar reverter a decisão do governo? Na real, eu só quero continuar fazendo humor. Esse aspecto judicial deixo para a área competente.

O filme foi acusado de ser pedófilo e de fazer apologia ao abuso sexual infantil, pelo secretário especial da Cultura, Mario Frias. Como responde a tais acusações? Talvez o próximo passo desse secretário seja tentar prender Anthony Hopkins [ator do longa de suspense “O Silêncio dos Inocentes”] por homicídio e canibalismo.

O governo Bolsonaro instaurou um clima de perseguição aos artistas. Acredita que as declarações do secretário Frias e do deputado André Fernandes contra o filme se inserem nesta guerra cultural? A censura nunca acaba. Apenas muda de agenda.

“Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola” foi lançado em 2017. Como você via a cena em questão, do personagem de Porchat pedindo para ser masturbado, e como vê esta mesma cena hoje? Sua opinião mudou? A cena vilaniza pessoas hipócritas que se escondem atrás de um discurso moralista e polticamente correto para praticarem absurdos escondidas. Ela continua vilanizando a pedofilia e a hipocrisia.

Na entrevista ao jornal “O Globo”, o senhor fala que há uma ordem dos apoiadores do atual governo de assassinar a sua reputação. Por quê? Basta ver como tudo é coordenado. Inclusive com fakes disparando dizeres em massa nos grupos de WhatsApp e tuítes.

O pastor Marco Feliciano elogiou o filme à época do lançamento, mas agora voltou atrás e reviu sua opinião. Como o senhor vê isso e por que acha que ele agiu assim? Aí é melhor ver com ele.

Quais as vantagens e desvantagens de ser um comediante independente? A vantagem é que você pode fazer piada com tudo. A desvantagem é que você está sempre no paredão com duas armas apontadas para você. (Folhapres/João Perassolo)

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