O Instituto de Medicina Legal (IML) chegou ao local para levar os corpos. No domingo (29), a sede do órgão ficou cheia de parentes de vítimas tentando liberar os corpos dos familiares para poder velar e enterrar as vítimas.
Uma das vítimas foi encontrada na região conhecida como Capelinha, outro local crítico. Outras duas foram achadas noutro ponto do bairro. Esses últimos corpos foram indicados pelo cão farejador Fênix, um labrador do Corpo de Bombeiros.
“Achamos uma vítima e tem a possibilidade de ter mais três vítimas ou seis soterradas. As informações divergem. Em outro ponto foram encontradas duas vítimas que faltavam e provavelmente lá vai encerrar as operações”, afirmou o major João Paulo Ferreira da Costa, que comandou as buscas nas últimas 24 horas.
As buscas são feitas por moradores, pelo Exército e pelos bombeiros de Pernambuco e de outros estados, que enviaram efetivo para ajudar o estado em meio ao desastre.
De acordo com o superintendente da Defesa Civil de Jaboatão, Arthur Paiva, embora a chuva não esteja tão intensa quanto nos dias anteriores, ainda há riscos de desastres na região.
[O risco] é bastante alto. Essa área aqui, realmente, toda ela está totalmente afetada, a encosta está muito encharcada, as chuvas não pararam e há possibilidade de novos deslizamentos. Por isso, nós interditamos todas as casas de cima [da barreira]”, explicou.
Moradores
O entregador de água Luiz Carlos mora numa parte mais alta de Jardim Monte Verde há 30 anos. Ele participou do resgate a uma vítima, que não resistiu. Nesta segunda, ele voltou ao local para distribuir comida e água às pessoas que fazem as buscas.
“Quando ouvi e vi o que aconteci, peguei o carro num local ainda possível de passar, socorri uma pessoa para a [Unidade de Pronto Atendimento [UPA] do Ibura, mas ela não resistiu, infelizmente”, disse.
Em Jardim Monte Verde, uma mulher, que se identificou como Rosângela, disse que a maioria das vítimas era de uma mesma família. Ela contou que perdeu uma sobrinha em um dos deslizamentos que ocorreram no bairro.
“Eu moro lá em cima há mais de 20 anos. Aqui, é tudo família. Grande foi o desespero quando eu vi aquela barreira cedendo ali, que eu vi a minha amiga pedindo ajuda. Eu vi meu filho nas carreiras para ajudar ela e o esposo. Em compensação, não teve jeito para tirar a minha sobrinha Thais”, disse.