HIV: nova variante está circulando em três estados do Brasil, diz estudo

Pesquisadores acreditam que o subtipo tenha surgido da combinação entre os tipos B e C do vírus em um paciente soropositivo com coinfecção

0
82

Uma nova variante do HIV, vírus da Aids, está circulando em, pelo menos, três estados do Brasil, segundo um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A análise foi publicada na revista “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz” nesta sexta-feira (16).

Os pesquisadores identificaram a nova variante em amostras de sangue de pessoas soropositivas para o vírus HIV do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Durante a pesquisa, os cientistas analisaram uma amostra genética coletada em 2019 de um portador de HIV em tratamento em Salvador, na Bahia, e identificaram fragmentos dos dois tipos diferentes do vírus: o tipo B e o tipo C.

Os pesquisadores compararam as sequências genéticas encontradas no paciente analisado e foram, então, comparadas com informações registradas em bancos de dados científicos. A partir disso, eles descobriram a existência de outras três ocorrências de padrões semelhantes espalhadas pelo Brasil.

Com esses resultados, a equipe realizou um estudo de parentesco que indicou uma conexão entre as quatro amostras e possibilitou a classificação da nova variedade do vírus HIV, a recombinante CRF146_BC.

Nova variante pode ter surgido de coinfecção

Para os cientistas, os tipos B e C do HIV podem ter se combinado no organismo de um paciente soropositivo, gerando padrões diferentes dos já conhecidos. Para Joana Paixão Monteiro-Cunha, autora da pesquisa, o provável é que a nova variante tenha surgido de uma coinfecção, ou seja, de uma infecção que ocorreu, ao mesmo tempo, com os dois tipos do vírus.

“Quando duas variantes diferentes infectam a mesma célula, podem se formar híbridos durante o processo de replicação do vírus e, destes, surgem os recombinantes”, diz a pesquisadora em um comunicado publicado pela Agência Bori, que divulga pesquisa científica realizada no Brasil.

Ela também esclarece que é possível que um único portador tenha iniciado a transmissão do novo tipo no Brasil. “Nosso estudo mostrou que as variantes encontradas nas diferentes regiões geográficas são descendentes de um mesmo ancestral. Assim, é possível especular que ela já está amplamente disseminada no país”, alerta.