Charles M. Schulz desenhou seus adorados personagens por 50 anos, até sua aposentadoria forçada por razões de saúde.
Charles M. Schulz desenhou seus adorados personagens por 50 anos, até sua aposentadoria forçada por razões de saúde.

Charlie Brown – a imortal criação de Charles M. Schulz (1922-2000) – é um dos personagens mais populares da história. No entanto, o cartunista sempre foi modesto em relação ao impacto de suas obras.

“Eu abordo apenas os pequenos problemas da vida diária. Liev Tolstoi lidava com os grandes problemas do mundo. Eu só falo por que todos nós temos a sensação de que as pessoas não gostam de nós”, declarou ele em 1977, em entrevista à BBC.

Apesar dessa humildade, Schulz sabia que seus personagens transmitiam sentimentos universais. Consequentemente, Peanuts se tornou um fenômeno global.

O Sucesso Global de Peanuts

Schulz desenhou todas as tiras de Charlie Brown, de 1950 até sua morte, em fevereiro de 2000. Sua popularidade foi tão grande que a Nasa batizou dois módulos da missão Apollo 10 de Charlie Brown e Snoopy.

Além disso, mais de 2,6 mil jornais em todo o mundo publicaram suas tiras, inspirando filmes, músicas e uma infinidade de produtos de merchandising. Para o escritor Umberto Eco, Peanuts agradava tanto crianças quanto adultos:

“Peanuts encanta crianças e adultos sofisticados com a mesma intensidade. É uma pequena comédia humana para o leitor inocente e para o sofisticado.”

A Origem de Charlie Brown e Snoopy

Inicialmente, o foco nas crianças surgiu como uma escolha comercial. Em 1990, Schulz revelou:

“Desenhei crianças porque era o que vendia. Enviei meus desenhos para Nova York em 1950 e, desde então, estou desenhando crianças.”

Sobre Snoopy e Charlie Brown, ele comentou:

“Sempre fiquei intrigado pelo fato de que os cães parecem tolerar as ações das crianças com quem brincam, como se fossem mais inteligentes do que elas.”

Snoopy e Charlie Brown ficaram popular em vários países do mundo
Snoopy e Charlie Brown ficaram popular em vários países do mundo

Schulz: De Artista Tímido a Sucesso Mundial

Schulz buscou inspiração em suas próprias experiências. Por ser tímido, ele optou por cursos de desenho por correspondência:

“Eu não conseguia me imaginar em uma sala cheia de pessoas que desenhavam melhor do que eu. Aprender em casa me preparou para o que faço hoje.”

Além disso, ele destacou como sua paixão pelo cartunismo se encaixava em seu perfil:

“Se eu escrevesse, talvez fosse um romancista fracassado. Mas tudo o que sou parece ter sido moldado para eu ser cartunista.”

Persistência e Paixão

Mesmo com um cronograma exigente, Schulz manteve consistência ao longo dos anos. Ele acreditava que o papel do cartunista era apresentar problemas, e não resolvê-los.

“Você precisa sentar, silenciar o mundo e apenas desenhar algo engraçado”, disse ele. Por isso, ele reforçou que a chave é continuar tentando, como Charlie Brown. Afinal, ele nunca desiste.

O Adeus de Schulz

Em dezembro de 1999, Schulz anunciou sua aposentadoria devido ao câncer. Sua última tira foi publicada em fevereiro de 2000, um dia após sua morte.

Em sua despedida, ele escreveu:

“Ao longo dos anos, fiquei muito agradecido pelo apoio dos fãs. Charlie Brown, Snoopy, Linus, Lucy… como eu poderia esquecê-los?”