Homem mata 3 pessoas em Nice, na França; prefeito suspeita de terrorismo

Prefeito da cidade diz que suspeito foi baleado e preso e classificou o ataque como terrorismo. Outros 2 incidentes foram registrados: um no sul do país e outro em um consulado da França na Arábia Saudita.

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French members of the elite tactical police unit RAID enter to search the Basilica of Notre-Dame de Nice as forensics officers wait after a knife attack in Nice on October 29, 2020. - France's national anti-terror prosecutors said Thursday they have opened a murder inquiry after a man killed three people at a basilica in central Nice and wounded several others. The city's mayor, Christian Estrosi, told journalists at the scene that the assailant, detained shortly afterwards by police, "kept repeating 'Allahu Akbar' (God is Greater) even while under medication." He added that President Emmanuel Macron would be arriving shortly in Nice. (Photo by Valery HACHE / AFP)

Um ataque a faca deixou três mortos e vários feridos na manhã desta quinta-feira (29) na Basílica Notre-Dame de Nice e arredores, na França.

O prefeito da cidade, Christian Estrosi, afirmou que um suspeito foi baleado e preso, classificou o ataque como terrorismo islâmico e disse que o homem gritou “Allahu Akbar” (Deus é grande).

Segundo a imprensa local, uma vítima foi decapitada e o suspeito está internado em estado grave.

Forças de segurança em área isolada em frente à Basílica de Notre-Dame de Nice, na França, após ataque a faca — Foto: Eric Gaillard/Reuters

Forças de segurança em área isolada em frente à Basílica de Notre-Dame de Nice, na França, após ataque a faca — Foto: Eric Gaillard/Reuters

Forças de segurança no local de ataque a faca que deixou mortos e feridos na Basílica de Notre-Dame de Nice, na França — Foto: Eric Gaillard/Reuters

Forças de segurança no local de ataque a faca que deixou mortos e feridos na Basílica de Notre-Dame de Nice, na França — Foto: Eric Gaillard/Reuters

A charge mostrada por Paty era da revista satírica “Charlie Hebdo”, que também foi alvo de um atentado terrorista em 2015. Por questões de segurança, a redação do periódico mudou para um local não informado após o atentado.

Em setembro de 2020, um outro atentado terrorista deixou duas pessoas gravemente feridas perto do local onde funcionava a antiga redação do “Charlie Hebdo”. O ataque ocorreu na época do julgamento de 14 acusados de cumplicidade pelo atentado de 2015.

Caricaturas do profeta Maomé são considerados blasfêmia pelos muçulmanos.
 

A morte de Paty causou comoção em toda a França. Milhares saíram às ruas em Paris para homenagear o professor, que recebeu a maior honraria do governo francês, a “Legion d’Honneur”. No funeral, Macron afirmou que “não renunciaremos às caricaturas”.

“Nós continuaremos, professor. Nós defenderemos a liberdade que você ensinava tão bem e nós levaremos a laicidade. Nós não renunciaremos às caricaturas e aos desenhos”, afirmou Macron.

Manifestantes se reúnem na Praça da República, em Paris, neste domingo (18) para marchar em homenagem ao professor de história decapitado em um ataque extremista — Foto: Michel Euler/AP

Manifestantes se reúnem na Praça da República, em Paris, neste domingo (18) para marchar em homenagem ao professor de história decapitado em um ataque extremista — Foto: Michel Euler/AP

Reação muçulmana

A dura resposta da França, no entanto, levou a reações contrárias em diversos países de maioria muçulmana.

No fim de semana, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou duramente Macron e afirmou que o líder francês precisava de um exame de saúde mental. Em retaliação, a França convocou seu embaixador em Ancara.

Na segunda-feira (26), o presidente turco pediu um boicote aos produtos franceses. Macron rebateu dizendo que redobraria os esforços para impedir que as crenças islâmicas conservadoras subvertessem os valores franceses.

A declaração irritou muçulmanos, e diversos países registraram protestos contra a França.

Na quarta-feira (28), Erdogan afirmou que os países ocidentais que atacam o islamismo querem “relançar as cruzadas” e que permanecer contra os ataques a Maomé era “uma questão de honra para nós”.

O presidente do Egito, Abdel-Fattah al-Sisi, afirmou que a liberdade de expressão deveria parar de ofender mais de 1,5 bilhão de pessoas, mas ressaltou que rejeitava qualquer forma de violência ou terrorismo, de qualquer pessoa, em nome da defesa da religião, de símbolos religiosos ou de ícones.

Defesa à França

Em meio à escalada de tensão, o chanceler da Grã-Bretanha, Dominic Raab, pediu aos aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que se posicionem do lado dos valores da tolerância e da liberdade de expressão.

A declaração foi uma repreensão velada à Turquia, que é membro da Otan. “O Reino Unido se solidariza com a França e o povo francês após o terrível assassinato de Samuel Paty”, disse Raab em um comunicado. “O terrorismo nunca pode e nunca deve ser justificado.”

“Os aliados da Otan e a comunidade internacional em geral devem estar ombro a ombro com os valores fundamentais da tolerância e da liberdade de expressão, e nunca devemos dar aos terroristas o presente de nos dividir”, afirmou Raab.

Nesta quinta-feira (29), o presidente do Parlamento europeu, David Sassoli, disse estar “profundamente comovido” com o ataque em Nice, afirmou que “a dor é sentida por todos na Europa” e pediu unidade “contra a violência e quem incita e propaga o ódio”.

‘Respeito mútuo’

Já o Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações, o espanhol Miguel Ángel Moratinos, fez um apelo na quarta-feira (28) “respeito mútuo por todas as religiões e crenças”.

Em comunicado, a agência da ONU disse que Moratinos “acompanha com grande preocupação as crescentes tensões e casos de intolerância desencadeados pela publicação de caricaturas satíricas do profeta Maomé, que os muçulmanos consideram um insulto e profundamente ofensivo”.

“Insultar religiões e símbolos religiosos sagrados provocam ódio e extremismo violento, levando à polarização e fragmentação da sociedade”, afirmou Moratinos, que já foi ministro de Relações Exteriores da Espanha.

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