Apesar da extrema importância que representa o acesso às vacinas especiais, essencialmente aos portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida e de outras condições especiais de comorbidades, os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais – Cries, criados para esse fim, são praticamente ignorados pela população. Mais que isso, segundo um estudo da Sociedade Brasileira de Imunização, apenas 20% dos profissionais médicos sabem da existência destes.
Com objetivo de tornar esse serviço mais popular, o Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde – Agevisa, está divulgando esse Centro de Referência que atende de forma personalizada o público, qual necessita de vacinas especiais, de alta tecnologia e alto custo, oferecidas pelo Programa Nacional de Imunização do Sistema Único de Saúde – SUS.
Em Rondônia, o Crie funciona no Hospital de Base Dr Ary Pinheiro – HBAP. Além da população portadora de comorbidades e recém-nascidos que apresentam algumas condições especiais, o Centro de Referência atende profissionais da saúde, que se expõem a situações de risco.
Para o governador Marcos Rocha, “é importante que a população em geral, tenha conhecimento da existência desse serviço, que oferecemos de forma gratuita no Hospital de Base para atender essa parcela da população portadora de comorbidades”.
De acordo com o diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima, “pessoas com condições especiais, independentemente da idade, que precisam tomar vacinas, soros e imunoglobulinas que não são oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde – UBS, ou são oferecidos para faixas etárias restritas, devem procurar o Crie”.
VACINAS DISPONÍVEIS
A coordenadora do Centro que funciona no HBAP, Silvia Carvalho falou sobre as vacinas disponíveis. Segundo a coordenadora, são oferecidas a vacina contra hepatite ‘A’ para adultos; pneumocócica 13 para quatro grupos específicos, inclusive, crianças a partir dos 5 anos; incluindo transplantados de medula óssea, transplantados de órgãos sólidos (rins, fígado e coração, por exemplo), pacientes oncológicos (portadores de câncer) e soropositivos de HIV.
Também é ofertada a pneumocócica 23, para pacientes diabéticos, cardiopatas, pneumopatas, nefropatas, asmáticos de moderado a grave, hepáticos, trissomia (causadora de cerca de 95% dos casos de síndrome de Down), quem fez ou fará implante cócleo (para habilitação e reabilitação auditiva de pessoas que apresentem perda auditiva de grau severo a profundo), quem tem asplenia funcional ou anatômica (ausência do baço, muito comum em vítimas de acidentes), portadores de doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatóide, psoríase), doenças neurológicas e deficiência genética.
Silvia Carvalho explicou que, para os pacientes dos quatro grupos que receberam a pneumocócica 13, após 60 dias, precisam tomar também a pneumocócica 23. Também é oferecida a meningocócica a esses pacientes. Já a meningocócica CWY só é indicada a pacientes portadores de uma anemia rara, a hemoglobinúria paroxística noturna – HPN.
Pacientes portadores de meningite B, pneumonia causada pela bactéria haemophilus influenzae, bacteremia e otite média (inflação do ouvido), devem se vacinar. Há também outras vacinas para recém-nascidos e prematuros.
IMUNOGLOBULINAS
Além das vacinas, o Crie oferece também imunoglobulinas, que são anticorpos prontos e, ao contrário da vacina, que leva até 15 dias para imunizar a pessoa, faz efeito imediato. O Crie disponibiliza imunoglobulina contra hepatite B, indicado ao profissional da saúde acidentado com material perfurocortante supostamente contaminado, que nunca tenha sido vacinado contra hepatite B, também aplica-se a vítimas de violência sexual e recém-nascido de mãe portadora de hepatite B.
Para ter acesso a essas vacinas, pessoas com comorbidades devem conversar com seus médicos sobre esses imunobiológicos especiais e pedir o encaminhamento. Segundo a responsável pelo Crie, os desafios mais prementes são: primeiro, tornar o Crie mais conhecido da população e, especialmente dos profissionais da medicina e enfermagem; e combater o que chama de “inconsistência do encaminhamento”, que é quando o médico indica pacientes que não se enquadram no público do Crie, a exemplo de hipertensos e pacientes de pneumonia de repetição.