Conforme noticiado pelo Olhar Digital, nesta quinta-feira (9) aconteceu uma espécie de “eclipse” de Vênus – fenômeno que, na verdade, se chama ocultação lunar.
De acordo com o site In-The-Sky.org, o evento pôde ser observado por mais de três horas, a partir das 6h da manhã (pelo horário de Brasília), apenas de alguns pontos específicos do globo, como a Groenlândia, parte da Europa, norte da África e uma pequena fração da Ásia.
Embora o “eclipse” de Vênus pela Lua não tenha sido visto do Brasil, foi possível testemunhar a conjunção astronômica entre os dois corpos, por volta das 6h30, e, cerca de uma hora e meia mais tarde, o appulse – termo que se refere à separação mínima aparente entre dois corpos no céu, de acordo com o guia de astronomia Starwalk Space.
O que diferencia as duas expressões é que, embora o termo “conjunção” também seja utilizado popularmente para representar uma aproximação aparente entre dois astros, tecnicamente, a conjunção astronômica só ocorre no instante em que eles compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre).
Ocultação lunar de Vênus
Ocultações lunares só são visíveis de uma pequena fração da superfície da Terra. Como a Lua está muito mais perto do nosso planeta do que outros objetos celestes, sua posição no céu difere dependendo da localização exata do observador devido à sua grande paralaxe (diferença na posição aparente de um objeto em relação a um plano de fundo, tal como visto por observadores em locais distintos ou por um observador em movimento).
A posição da Lua vista de dois pontos em lados opostos da Terra pode variar em até dois graus, ou quatro vezes o diâmetro da lua cheia.
Isso significa que se a Lua estiver alinhada para passar na frente de um objeto específico para um observador posicionado em um lado da Terra, ela aparecerá até dois graus de distância desse objeto do outro lado do globo.
No mapa acima, contornos distintos mostram onde o desaparecimento de Vênus foi visível (em vermelho) e de onde foi possível ver seu reaparecimento (em azul). Os riscos sólidos exibem onde a ocultação provavelmente seria visível através de binóculos a uma altitude razoável no céu. Os contornos pontilhados, por sua vez, indicam onde o evento ocorreria acima do horizonte, mas poderia não ser visível devido ao céu estar muito claro ou a Lua muito perto do horizonte.
Fora dos contornos, a Lua não passou na frente de Vênus em nenhum momento, ou estava abaixo do horizonte no momento da ocultação.
Imagens do evento
Astrofotógrafos posicionados nas regiões privilegiadas para observação da ocultação lunar de Vênus obtiveram registros de tirar o fôlego. Alguns deles enviaram seu material para o catálogo da plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com.
Petr Horalek, do Instituto de Física em Opava, na Eslováquia, foi o responsável por este conjunto impressionante de lapso de tempo:
“Hoje, 9 de novembro de 2023, ao meio-dia sobre a Europa central, a Lua cobriu Vênus em plena luz do dia”, relatou Horalek. “Como o tempo sobre Zdiar, na Eslováquia, felizmente não estava tão nublado, consegui pegar toda a sequência do fenômeno com intervalos de quatro minutos antes da ocultação e depois dela. O tempo não estava perfeito, algumas nuvens cirrus tornavam a observação menos clara, mas ainda assim uma bela vista, mesmo a olho nu”.
A próxima foto foi feita da Romênia. ”Uma composição de três imagens mostrando o início da entrada de Vênus, com o planeta visto em luz UV, com nuvens”, descreve o autor da imagem, Maximilian Teodorescu. “A vantagem desta imagem é que as nuvens de Vênus também são mostradas durante o evento, e acredito que isso adiciona um pouco de profundidade à vista”.
Ele também é responsável pelo registro da sequência abaixo e pelo vídeo que vem a seguir:
Marko Posavec, de Koprivnica, na Croácia, também obteve imagens da ocultação lunar de Vênus. “Dois minutos depois de tirar essa foto, Vênus escorregou atrás da Lua”, diz Posavec. “Você pode ver a fase de quarto de Vênus no início”.