Governo federal vai conduzir inquérito sanitário no Território Yanomami

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Enquanto o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi) aponta uma população de 31 mil pessoas no Território Yanomami, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou apenas 27 mil ocupantes. “Onde estão esses quatro mil indígenas”, indagou o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba. Ele participou, nesta terça-feira (16), de uma transmissão ao vivo coordenada pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e informou que o Ministério da Saúde vai conduzir um inquérito sanitário junto ao IBGE e à Fiocruz para elucidar a questão. A expectativa é que a pesquisa comece ainda no primeiro semestre deste ano.

Esse é mais um reflexo da crise humanitária causada por desassistência no território. Há um ano, o governo federal decretou emergência sanitária na região e tem atuado de forma emergencial para salvar vidas e garantir assistência. No balanço, transmitido via Instagram, o secretário Weibe destacou que, em 2024, as ações devem passar de um caráter emergencial para ações mais estruturantes – conforme determinação do presidente Lula. Na área da saúde, as principais obras são a construção da nova estrutura da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) e do primeiro hospital específico para a saúde indígena do Brasil, que será em Boa Vista. A primeira obra já está em processo licitatório.

Weibe Tapeba também falou sobre o cenário da malária. A partir da busca ativa das equipes de saúde, descobriu-se que toda a população do Território Yanomami está afetada pela doença. “Com a ampliação da nossa capacidade assistencial, começamos a ampliar também a busca ativa nos casos de malária. Fizemos 140 mil testes e, desses, identificamos 26 mil casos de malária somente em 2023, distribuídos nos 37 polos-base do Território Yanomami. É praticamente a população toda vítima da malária”, lamentou o secretário.

Para ele, a maior diferença é que, desde o início da atual gestão, o Ministério da Saúde tem garantido recursos humanos e os insumos de saúde necessários para lidar com essa crise. A pasta investiu mais de R$ 220 milhões para reestruturar o acesso à saúde dos indígenas da região – um valor 122% maior que o ano anterior, ou seja, a gestão atual mais que dobrou os recursos direcionados aos yanomamis. Neste período, mais de 21 mil atendimentos de saúde foram realizados aos indígenas encontrados em grave situação de abandono.

Em 2023, foram mobilizados cerca de 960 profissionais, 270 a mais que o mesmo período do ano passado, um aumento de 40% da força de trabalho. Também foram reabertos sete polos-base e Unidades Básicas de Saúde Indígena, que estavam fechados por ações criminosas, totalizando 68 estabelecimentos de saúde com atendimento em terra Yanomami.

Para enfrentar a malária e outras doenças, a pasta enviou Agentes de Controle de Endemias, com medicamentos e testes rápidos para realizarem a busca ativa de pacientes, além de médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas, farmacêuticos, biólogos, psicólogos, fisioterapeutas, agentes indígenas de saúde, de saneamento, químicos, entre outros profissionais.

Segurança alimentar

Entre os tópicos abordados na live, a segurança alimentar também ganhou destaque. “Para salvar as pessoas, é preciso salvar a terra”, destacou a ministra Sonia Guajajara. Ela comentou que a ação dos garimpeiros dificultou a pesca, a agricultura e toda a forma de vida dos povos que vivem na Terra Yanomami. Para este ano, o governo federal também planeja ações para garantir que as pessoas do território tenham acesso a comida e água potável.